quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sobre a tourada na Festa do Bom Jesus dos Aflitos, em Ponta Delgada


Ontem, dia 27 de junho, o Movimento Cívico Abolicionista da tauromaquia nos Açores, endireçou uma carta ao Bispo da diocese de Angra, Dom António de Sousa Braga, pedindo que se prenunciasse sobre o acolhimento de festas católicas a práticas tauromáquicas.


Uma segunda carta foi ainda enviada à Câmara Municipal de Ponta Delgada, Assembleia Municipal da mesma autarquia e Junta de Freguesia de Fenais da Luz, questionando a existência do licenciamento para realização de uma tourada agendada para o dia 30 na Freguesia de Fenais da Luz.


Na primeira carta, podia ler-se:

"Considerando a actual crise económica à qual não ficam imunes as paróquias açorianas, que se debatem com grande falta de recursos; considerando que não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal; considerando que as touradas em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos e porem em risco a vida das pessoas; considerando que a Igreja Católica tem qualificado historicamente as touradas como espectáculos alheios de caridade cristã; considerando que a tourada prevista para os Aflitos vem questionar a qualidade das respeitadas festas do Bom Jesus dos Aflitos;
(...)
vimos apelar a V. Ex.ª para que intervenha junto de quem de direito para retirar do programa esta actividade injustificável."


Na carta enviada à Câmara Municipal de Ponta Delgada, Assembleia Municipal de Ponta Delgada e Junta de Freguesia de Fenais da Luz, o MCATA diz que:

"Ante a nossa estranheza pela notícia, vimos por este meio perguntar à Câmara Municipal de Ponta Delgada se foi emitida licença municipal para a realização deste espectáculo.
(...)
Consideramos que a sua realização significaria para o município um grave retrocesso civilizacional no respeito pelos animais e na defesa dos seus direitos."




Aguardam-se respostas

Nova vida para as Praças de touros

Tem acontecido um pouco por todo o mundo e com mais intensidade no últimos anos. O progresso civilizacional e o fomento do espírito crítico das populações têm ditado o fim de todas as práticas que têm como base a violência, a crueldade, o sofrimento, a humilhação e o desrespeito.

A tauromaquia não tem sido poupada e tem sido transportada para um lugar ao qual já deveria pertencer há muito tempo, o da história.

As praças têm sido readaptadas como centros comerciais - criando postos de emprego e dinamizando as economias locais, e como locais de socialização e convívio com espaço para a reflexão e pensamento crítico sem indícios de incentivo à violência.

Depois de abolir as touradas, no inicio deste ano, Bogotá, na Colômbia, é o mais recente projeto para transformação de praças. A nova vida da praça já começou.




fonte: Zé Touro

terça-feira, 26 de junho de 2012

O que é a Tenta?

Em janeiro de 2012, nos Açores, 
realizou-se um tenta ilegal 
com subsídios públicos. ver aqui


1.  A TENTA
A “tenta” é um teste daquilo a que alguns chamam de bravura do (chamado) gado bravo de lide. Faz-se a praticamente todas as fêmeas, e a alguns machos, quando estas/estes têm cerca de 2 anos de idade.

1.1. A tenta das fêmeas
Um homem, o tentador (geralmente um picador profissional), montado em cima de um cavalo cujos olhos estão vendados, e armado com uma vara de 2,5m com um aguilhão na ponta, provoca cada vaquinha, de modo a que esta invista contra o cavalo para assim a castigar, espetando-lhe o aguilhão entre as espáduas e repetindo este processo, várias vezes, quando é conseguida a repetição/recarga. Muitas das jovens vacas são ainda lidadas de muleta. Tudo isto é feito nos tentadeiros das ganadarias que são redondéis ou pequenas praças de touros. Participam, para além do picador (que tem o papel principal), amadores e toureiros (ou ex toureiros) profissionais, o ganadeiro e o pessoal superior da ganadaria. Assistem, muitas vezes, convidados.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=1ZrlffvKZ8I&NR=1

1.2. A tenta dos machos

1.2.1. No tentadeiro:
Para as tentas feitas em tentadeiro, o procedimento é basicamente o mesmo tanto para fêmeas como para machos. As diferenças que existem visam que estes, que são dotados de uma excelente memória, se um dia chegarem a ser torturados também numa corrida de touros, não se recordem da tenta, já que isso pode ser uma desvantagem para quem os vier a lidar em praça. Assim sendo, enquanto nas tentas das fêmeas, na primeira fase, os toureiros de turno utilizam o capote para afastar as vaquinhas do cavalo, para que elas, preferencialmente, voltem a investir contra o cavalo e sejam novamente picadas com a vara; nas tentas dos machos são utilizados, para o efeito de os afastar provisoriamente do cavalo, ramos de eucalipto ou choupo. Para que os machos não vejam o capote, também se dispensa, usualmente, a lide de muleta.

1.2.2. Em campo aberto:
Uma vez que o tentadeiro pode dar a conhecer um ambiente semelhante ao de uma praça de touros - com todas as desvantagens que daí poderão advir decorrentes da capacidade de aprendizagem e excelente memória dos bovinos -, os machos são quase sempre tentados em campo aberto. Dois cavaleiros separam de um grupo o indivíduo que querem tentar, servindo-se para Isso de longas varas com que, de seguida, o perseguem até o conduzirem ao local onde se encontra o tentador. Quando o animal perseguido percebe que lhe taparam o caminho, num instinto de defesa tenta atacar o tentador, que aproveita para o castigar, da mesma forma como se castiga em tentadeiro: picando-o, repetidamente, com o aguilhão da vara dos 2,5m. Há animais que são espetados, pela vara de castigo, 12 (DOZE) ou mais vezes.

2. A VIOLÊNCIA DAS TENTAS

2.1. A tenta como ato violento para os bovinos
Ao serem picados, com o ferro afiado e comprido que lhes rasga e perfura a pele, carne e músculos, estes animais, que estão a ser testados, sentem dores fortíssimas. Tentando libertar-se da vara, empurraram, muitas das vezes, o cavalo montado pelo picador, o que faz com que a vara lhes perfure ainda mais o corpo e os deixe severamente feridos e enfraquecidos. Para alguns, a tenta não termina após o tércio das varas ou da muleta, e são ainda violentados pelo cravar de bandarilhas, algumas dessas vezes por alunos de escolas de toureiro.

2.2. A tenta como ato violento para os cavalos
Os cavalos, que estão mal protegidos, apenas pelo “peito” - uma espécie de capa de borracha e algodão - sofrem as investidas dos bovinos e ficam muitas vezes com lesões, em especial lesões internas nem sempre visíveis, que a tal estrutura, supostamente protetora, não consegue prevenir. Além disso, são derrubados com alguma frequência, devido às referidas investidas, ocorridas num momento em que eles estão de olhos vendados e com os movimentos dificultados pela estrutura que os deveria proteger, mas que, não só não os protege convenientemente, como é desconfortável e pesada.

Fotos de uma queda: https://picasaweb.google.com/ant.teix.ftg/Tenta#5459262252465817650


3. O DESTINO DAS VÍTIMAS TESTADAS

3.1. O destino das fêmeas
À generalidade das fêmeas que são atraídas pelos cites do picador, e que investem várias vezes contra o cavalo e obtêm boa nota na tenta, é-lhes atribuída a função de procriar até aos 13/14 anos de idade, normalmente, dois anos sim, um ano não. Quanto às que não são atraída pelos cites do picador, fogem do cavalo ou da vara ou, por outros motivos, obtêm má nota final, vão para o matadouro. Arriscamos dizer que é o que acontece a cerca de 50% das vacas testadas. (De referir que algumas vaquinhas nem chegam a ser testadas em tentas, pois são torturadas ainda antes disso, por exemplo em treinos de toureiros e de alunos de escolas de toureio, e perdem a vida antes de completarem os 2 anos de idade.)

3.2. O destino dos machos
Os machos que se mostram voluntários e, de acordo com os critérios de quem os valia, nobres: ficam destinados à lide. Poucos meses, ou poucos anos, depois, serão torturados para gáudio de pessoas que pagam para ver. Entre os que se mostram voluntários e nobres, os que fazem pelo menos doze fortes entradas no cavalo são muitas vezes, de seguida, lidados por um novilheiro ou por um matador, com os três tércios (capote, bandarilhas e muleta), sendo que se obtiverem boa nota quer na primeira fase com o picador, quer na faena, serão destinados a cobrir vacas; dependendo a continuação desta função das características dos filhos que forem tendo. Os machos que são fugidios e demonstram medo vão para a charrua ou para o matadouro. (De referir que muitos machos, por não reunirem uma série de características, são abatidos muito antes dos dois anos de idade e não chegam a ser testados.)

Gado "Bravo" de Lide?

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Projetos de lei: acabar acabar com os apoios públicos às touradas


O Movimento Cívico Abolicionista da tauromaquia nos Açores, através de um representante que se encontrava em Lisboa, esteve presente na passada sexta-feira, dia 22, na audição pública promovida pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, para discussão alargada dos projetos de lei apresentados no Parlamento, que visam:

1. Proibir a exibição de espetáculos tauromáquicos na televisão pública e alterar a lei da televisão, designando estes espetáculos como suscetíveis de influírem negativamente na formação dapersonalidade de crianças e adolescentes: 
http://www.beparlamento.net/pro%C3%ADbe-exibi%C3%A7%C3%A3o-de-espet%C3%A1culos-taurom%C3%A1quicos-na-televis%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-altera-lei-da-televis%C3%A3o-designan

2. Impedir o apoio institucional à realização de espetáculos que inflijam sofrimento físico ou psíquico ou provoquem a morte de animais:
http://www.beparlamento.net/impede-o-apoio-institucional-%C3%A0-realiza%C3%A7%C3%A3o-de-espet%C3%A1culos-que-inflijam-sofrimento-f%C3%ADsico-ou-ps%C3%ADquico


Durante a audição, o MCATA relembrou que a situação nos Açores é escandalosa e que, só em 2012, o Governo Regional já concedeu, por exemplo, 75 mil euros para a realização de um fórum taurino, 5 mil euros para a tourada da Casa de Pessoal da RTP e, mais recentemente, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo concedeu 290 mil euros para subsidiar, também, eventos tauromáquicos aquando das Sanjoaninhas.

O MCATA defendeu que as prioridades do estado devem, acima de tudo, ser o bem estar social e que a cultura deverá estar ao serviço do desenvolvimento das populações e não da sua estagnação ou retrocesso.
Os projetos serão discutidos em plenário no próximo dia 4 de julho, a partir das 15h. 

A discussão pode ser acompanhada na ARtv ou em http://www.canal.parlamento.pt/


ver notícia relacionada: jornal i

sexta-feira, 22 de junho de 2012

[Comunicado de Imprensa] Touradas nas Sanjoaninas - 290 mil euros para esbanjar e deseducar

Touradas nas Sanjoaninas - 290 mil euros para esbanjar e deseducar


Nos próximos dias realiza-se uma Feira Taurina, integrada nas Sanjoaninas, a qual vai custar ao orçamento da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo a quantia de duzentos e noventa mil euros.

Para além de ser uma afronta a toda a população dos Açores que neste momento passa por dificuldades, por estar desempregada, por ter visto dos seus salários reduzidos, por lhe terem cortado o subsídio de Natal e o 13º mês ou por receber reformas de miséria, na referida feira estão previstos um espetáculo para crianças e idosos e uma espera infantil de gado.

Como é sabido, por várias vezes nem as leis vigentes têm sido respeitadas nem os prevaricadores têm sido punidos, como são exemplo, ao longo dos tempos, a realização de uma tourada de morte, a realização da sorte de varas a seguir ao último Fórum Taurino ou a realização de uma tourada em dia de luto nacional.

No caso destas atividades para crianças, vimos recordar aos promotores e chamar a atenção para as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens para o facto dos espetáculos tauromáquicos estarem legalmente proibidos para menores de seis anos (alínea b do n.º 1 do artigo 4.º do DL n.º 386/82, de 21 de Setembro, alterado pelo DL n.º 116/83, de 24 Fevereiro).

Resta-nos alertar a população dos Açores para o esbanjamento de dinheiros públicos que poderiam ser melhor utilizados em benefício de todos, em vez de serem usados para benefício de uns poucos, que se divertem com o sofrimento de animais.

De igual modo alertamos para o facto de que com o incutir nas crianças e jovens a aceitação de maus tratos aos animais está-se a fomentar a tolerância à violência gratuita não só para com os animais, mas também entre os humanos.


Açores, 21 de junho de 2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

Festas do Bom Jesus dos Aflitos com Touradas? Protesta!

"A 1 de Novembro de 1567, o Papa Pio V - O Piedoso, publicou a bula De Salute Gregis Dominici, ainda em vigor: (...) Nós, considerando que estes espectáculos que incluem touros e feras no circo ou na praça pública não têm nada a ver com a piedade e a caridade Cristã, e querendo abolir estes vergonhosos e sangrentos espectáculos, não de homens, mas do demónio, e tendo em conta a salvação das almas na medida das nossas possibilidades com a ajuda deDeus, proibimos terminantemente por esta nossa constituição (...) a celebração destes espectáculos (...) (in Bullarum Diplomatum et Privilegiorum Sanctorum Romanorum Pontificum Taurinensis editio, tomo VII, Augustae Taurinorum, 1862, pág. 630-631)."
fonte e mais dados históricos aqui.



Está prevista a realização, pela primeira vez, uma tourada à corda na localidade dos Aflitos, Ilha de São Miguel, integrada nas festividades do Bom Jesus dos Aflitos.
Escreva aos Bispo dos Açores para impedir que o referido triste “espetáculo” se realize. Divulgue por todos os seus contatos.
Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.


Contatos:
Para: geral@diocesedeangra.pt,
Bcc: acoresmelhores@gmail.com, matp.acores@gmail.com, auniao@auniao.com,

Exmo. e Revmo. Senhor
Dom António de Sousa Braga,

No próximo dia 30 de Junho está programada uma tourada à corda, integrada no programa das festas do Bom Jesus dos Aflitos, na paróquia dos Fenais da Luz.

Considerando a crise socioeconómica em que os Açores estão mergulhados, à qual não ficam imunes as paróquias que se debatem com falta de recursos;

Considerando que não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal, seja uma tourada, circo, ou uma apanha ao marrão que também está inserida no programa;

Considerando que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara relativamente às touradas, que, foram condenadas e proibidas pelo Papa Pio V que considerava-as como espetáculos alheios de caridade cristã;
Considerando que as touradas em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos e porem em risco a vida das pessoas;

Considerando que a tourada à corda prevista para os Aflitos vem conspurcar as respeitadas festas do Bom Jesus dos Aflitos;

Vimos apelar a V. Exª para que intervenha junto de quem de direito para
que retire do programa as duas atividades que poderão originar sofrimento, sem qualquer justificação, aos animais e que use com parcimónia o dinheiro esbanjado para o efeito.


Nome:
Localidade:



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ribeira Grande organiza vacada. Protesta!

Atualização - 17:20
Não haverá vacada na Ribeira Grande
fonte: ATA


Associamo-nos e divulgamos:






Escreva à Câmara Municipal da Ribeira Grande e à Junta de Freguesia de Santa Bárbara a lamentar a ocorrência deste triste “espetáculo” para o qual deram o seu o apoio e a solicitar a retirada do mesmo ou seu cancelamento.



Para:  
geralcmrg@cm-ribeiragrande.pt, juntafsbarbara@sapo.pt,

Cc:
acores@lusa.pt, auniao@auniao.com, acorianooriental@acorianooriental.pt, atlanticoexpresso@correiodosacores.net, bomdia@rtp.pt, correioacores@mail.telepac.pt, jornal@diariodosacores.pt,diarioins@mail.telepac.pt, ecosfera@publico.pt, info@ionline.pt,informacao@asasdoatlantico.pt,joaopaz77@gmail.com, jornaldapraia@portugalmail.pt, jornalavila@mail.telepac.pt, jornaldopico@mail.telepac.pt,jornal@correiodosacores.net, manuelmoniz@diariodosacores.pt, obaluarte@sapo.pt, politica@publico.pt,ptimes@aol.com, radioacores@acorianooriental.pt, radiocanal@sapo.pt, radioflores@inbox.com,radiolumena@radiolumena.com, radiomontanha@iol.pt, radiopico@sapo.pt, sol@solnet.com,telejornal.acores@rtp.pt,

Bcc:
rosameneses@cm-ribeiragrande.pt , acoresmelhores@gmail.com,




Ex. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande
Ex. Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Ribeira Grande
Ex. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara 



Tomei conhecimento de que se irá realizar na Freguesia de Santa Bárbara, no próximo dia 16 de Junho, uma vacada e venho por este meio manifestar o meu total repúdio por tal acontecimento!


Bem sei que quem o faz e permite normalmente fá-lo por motivos lúdicos e que neles encontra justificação, como a tradição e divertimento. Não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal, seja uma tourada, uma vacada, um circo, um parque ou jardim zoológico.

Como pessoas com um grau de instrução elevado, julgávamos que teriam a criatividade e o bom senso de, em vez de apoiar um pseudo espectáculo que torna as pessoas mais insensíveis ao sofrimento dos animais e das próprias pessoas, socorrerem-se de outros meios que pudessem aliar o divertimento à formação cultural e cívica da população local

Embora com pouca esperança em sermos atendidos, vimos apelar a V. Exas. para que voltem atrás na sua intenção e usem o dinheiro em causa para apoiar uma ou várias instituições ou instituir bolsas de estudo destinadas a jovens do concelho da Ribeira Grande.



Nome

Localidade