segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Comunicado MCATA: O MCATA repudia a realização da vacada de São Martinho na Lagoa




O MCATA repudia a realização da vacada de São Martinho na Lagoa

No próximo dia 12 de novembro está programada a realização duma “vacada” integrada nas tradicionais comemorações de São Martinho na freguesia de Santa Cruz, concelho da Lagoa, a qual merece o nosso total repúdio.

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) considera que nenhum entretenimento que use animais, como as “vacadas”, constitui uma atividade que enriqueça qualquer programa festivo tanto mais que as “vacadas” para além de causarem sofrimento aos animais – em ano anterior, por exemplo, um animal partiu um corno e mesmo a escorrer sangue não foi poupado – põem em risco as próprias pessoas e em nada contribuem para a educação das mesmas.

A prova de que a vacada é perfeitamente dispensável é que em São Miguel sempre se festejou a efeméride sem a importação destes tristes e bárbaros costumes e que no próprio concelho da Lagoa, na freguesia do Cabouco, o São Martinho vai ser festejado tradicionalmente sem recurso a “vacadas”.

No que diz respeito ao evento anunciado, não deixa de ser estranha a vinda dos animais e de “artistas” da ilha Terceira. Sobre isto, fica a seguinte dúvida: como é que uma irmandade duma festa local tem tanto dinheiro para pagar todas as despesas? E não seria mais útil e sensato utilizar o referido dinheiro noutros convívios ou na solidariedade a quem está a passar dificuldades na vida?

Se há talvez mecenas públicos ou privados envolvidos no pagamento do transporte, do aluguer dos animais ou das licenças, eles não devem ter a sua consciência tranquila, pois os seus nomes não são divulgados em toda a informação disponibilizada. A título de exemplo, em anos anteriores houve o apoio explícito da Câmara Municipal da Lagoa, mas também da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, o que não deixa de ser muito estranho tratando-se duma festividade local da Lagoa.

Face ao exposto, o MCATA apela a todas as pessoas para manifestarem o seu desacordo, quer diretamente à Câmara Municipal da Lagoa quer à Junta de Freguesia da Santa Cruz, e para assinarem e divulgarem a seguinte petição, que conta já com mais de um milhar de assinaturas:

https://www.change.org/p/c%C3%A2mara-municipal-da-lagoa-e-junta-de-freguesia-de-santa-cruz-s%C3%A3o-martinho-sem-vacadas


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
07/11/2016


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Assine contra a vacada na Lagoa, São Miguel



Animal ferido sem um chifre - Lagoa


Para: Câmara Municipal da Lagoa e Junta de Freguesia de Santa Cruz

Exmos Senhores
No próximo dia 12 de novembro está programada a realização duma “vacada”, integrada nas comemorações de São Martinho, na freguesia de Santa Cruz, concelho da Lagoa, na ilha de São Miguel.
- Considerando que as touradas ou “vacadas” em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos;
- Considerando que põem em risco, de forma absurda, a integridade física e até em algumas ocasiões a vida das pessoas;
- Considerando que não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal;
Vimos apelar:
- À Câmara Municipal da Lagoa e à Junta de Freguesia de Santa Cruz para que não apoiem a iniciativa, como fazia o antigo presidente João Ponte;
- Aos lagoenses e demais micaelenses para boicotarem a iniciativa e participarem noutros convívios onde não há o gasto inútil de dinheiros para alimentar a indústria tauromáquica terceirense, como o São Martinho da Freguesia do Cabouco.

Assine aqui:
https://www.change.org/p/c%C3%A2mara-municipal-da-lagoa-e-junta-de-freguesia-de-santa-cruz-s%C3%A3o-martinho-sem-vacadas





quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Comunicado MCATA: As touradas contra o turismo nos Açores



As touradas contra o turismo nos Açores

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA), num momento como o actual de grande desenvolvimento do turismo nas nossas ilhas, regista, com muita preocupação, alguns relatos de turistas que são intimidados pela presença de touros soltos quando percorrem alguns dos trilhos pedestres da ilha Terceira. Tal facto cria um clima de insegurança que é exactamente contrário à tranquilidade necessária e desejável para quem se desloca para contemplar as belezas naturais da ilha. Já houve mesmo relato de feridos entre os turistas.

Sendo os trilhos pedestres um dos principais pólos de atracção turística da região e dos mais procurados por quem nos visita, não se percebe alguma apatia existente na ilha Terceira que se traduz na falta de criação das devidas condições para a sua utilização.

Ao exposto, temos de acrescentar a realização na referida ilha de mais de uma tourada à corda por dia, por vezes cortando o trânsito, paralisando a economia e criando novas e absurdas situações de perigo para os turistas. Segundo notícias divulgadas na comunicação social nos últimos anos, são já vários os turistas que receberam ferimentos graves no decorrer duma tourada à corda, ou simplesmente por se encontrarem nas proximidades no momento da fuga do touro. Este ano foi ainda mais grave, tendo uma turista sido morta.

É este o cartaz turístico que os Açores pretendem oferecer a quem nos visita?

O MCATA considera delirantes as recorrentes declarações da indústria tauromáquica no sentido de afirmar que as touradas servem para atrair o turismo quando as mesmas são cada vez mais repudiadas a nível internacional. Ainda recentemente um operador turístico da ilha Terceira afirmou que os trunfos para atrair o turismo eram “os toiros, a natureza e a gastronomia”, convidando uma série de agentes de viagens espanhóis para conhecer estas realidades da ilha. O resultado foi o que se esperava: os próprios convidados foram peremptórios em desmentir as palavras do seu anfitrião, afirmando que “o principal trunfo da Terceira no campo turístico reside na natureza”.

O negócio das touradas parece ser claramente um entrave para o desenvolvimento do turismo, tanto na ilha Terceira como nos Açores, pois os aspectos negativos de qualquer uma das ilhas ficam, para o turista, associados ao conjunto do arquipélago. A irresponsabilidade e a falta de cuidado no desenvolvimento do turismo de natureza na Terceira, ou em qualquer outra ilha, pode dissuadir novos turistas de visitar os Açores.

O MCATA repudia todos os apoios declarados ou encobertos à tauromaquia e considera que devem ser criadas todas as condições para que os turistas se sintam em segurança na ilha Terceira bem como nas restantes ilhas.


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
27/10/2016




Imagem: Diário Insular, 14 de setembro

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A insipidez das touradas à corda


Ferro Alves queria que os touros marrassem mais

O jornalista e advogado Ferro Alves que esteve nos Açores como deportado, onde participou na Revolta dos Açores e da Madeira, em 1931, antes de aderir ao salazarismo, esteve na ilha Terceira durante quinze dias, tendo assistido a uma tourada que descreveu no seu livro “A Mornaça”, publicado em Lisboa em 1935.

Aqui vai um relato do que viu:

“Na praça da terra reúnem-se todos os habitantes no meio de uma chinfrineira aguda empunhando cacetes e com mais abundância guarda-chuvas, Esse instrumento antipático e avelhado disfruta aqui de irresistíveis simpatias. Nas janelas apinham-se cachos humanos chilreantes.

O cacique local com aspecto importante – as ilhas estão pejadas de odiosos caciques – dirige a função. Munido de uma corneta, ou búzio, o soba do povoado dá o sinal para começar a festa. As mulheres, que no mais recôndito das suas almas escondem a sua adoração pela tragédia, cerram os olhos, soltando uns ais terroríficos de parturientes. Os homens atacados dum pânico súbito fogem em todas as direcções. Alguns, com pronunciadas atitudes simiescas, trepam às árvores, encarrapitando-se nos últimos ramos, como se o toiro fosse um animal trepador. A praça fica deserta e respira-se um ar pressago de dramatismo. Contraídos e anelantes, como nas tardes famosas de Madrid, em que Belmonte alterna com Cagancho, aguardamos a aparição do toiro, fumegando cólera e bramindo vingança.

Afinal surge o cornúpeto, que não é toiro, mas simplesmente um novilho, e bastas vezes, uma raquítica vaca, muito enfastiada por ver-se metida em zaragatas. Pois, senhores, e aqui reside o ineditismo do espetáculo, o tal novilho de poucas carnes e de insubsistente acometividade, vem amarrado por uma longa corda de quinze ou vinte metros. O pobre bicho de olhos chorosos, autenticamente bovinos, acossado pelo gritério, dá uma corridita até ao meio da praça, estaca de repente assustado soltando uns mugidos lancinantes, em que bramam desejos insatisfeitos duma boa ração de favas.

Aproveitando a indecisão do animalzito nostálgico duma verde campina, onde possa saciar a sua fome, os populares mais atrevidos lançam-se à praça com a chaqueta numa mão e o obcecante guarda-chuva na outra. Com estes singulares atavios, que substituem a muleta e as bandarilhas citam o pachorrento animal, que exala uns quantos gemidos a ver se não o metem em sarilhos.

Animados pela mansidão do cornúpeto, los diestros, puxam-lhes o rabo, espicaçam-no com a ponta das malditas sombrinhas, provocam-no com lenços escarlates.

O animal resolve-se finalmente a investir depois de laboriosa deliberação. Os artistas abandonam a presa e os instrumentos de combate. Se porventura o triste novilho consegue alcançar algum dos seus algozes, rasgando-lhe com uma cornada o fundilho das calças, o gentio delira. Há palmas e vivas, desmaios e chiliques. Os marmanjões que sustentam a corda que prende o bicho puxam dela desesperadamente até que imobilizam completamente o bicharoco. Se este num movimento ocasional se volta, enfrentando-se com os moços de corda, então o pânico é indescritível.

Um autêntico salve-se quem puder. Os muros e as árvores são impotentes para conter a correria vertiginosa, alucinada, dos pretensos campinos. Chiam como ratazanas aprisionadas na ratoeira.

Felizmente a mornaça contamina não só os homens como os animais. O novilho a breve trecho se fatiga, para tristonho e rendido entregando-se sem combate à fúria vencedora dos seus inimigos. Docilmente deixa-se conduzir ao curral, com um olhar resignado, de quem pede perdão por ter magoado o traseiro de algum diestro menos veloz. Creio que nestas touradas, apesar de frequentes, nunca houve colhidas que demandassem mais do que um pouco de álcool para friccionar as nádegas dos campónios.

Nestas touradas somente tomam parte como aficionados elementos populares. Os filhos dos sobas e régulos, classifico assim os personagens locais, abstêm-se de participar nestes folguedos. A sua seriedade de jarrões impede-os de se misturarem a tudo o que seja dinamismo.

O espetáculo termina com a lide de alguma vaca, mãe respeitada de numerosa prole. Insensível aos guarda-chuvas e às chaquetas permanece estática no meio da praça entre as chufas da multidão. Para arrancá-la à sua passividade chegam a picá-la com sovelas. Eu vi uma tão pachorrenta, que um indígena no meio do entusiasmo da assistência, puxava-lhe cinicamente as orelhas. Com a descrição das célebres touradas à corda, cremos dar uma ideia nítida da maneira como a mornaça transforma em insipidez, os mais emocionantes espetáculos."


José Ormonde
Açores, 12 de setembro de 2016


domingo, 11 de setembro de 2016

Mais mentiras sobre a tortura de touros e cavalos




O aficionado Vítor Rui Dores gosta da tortura de touros e cavalos

Um indivíduo que dá pelo nome de Vítor Rui Dores sempre que pode escreve ou fala em apoio da tortura de touros e de cavalos, isto é da tauromaquia, que anda a passar por maus bocados, pois cresce em todo o mundo o número daqueles que acham que tal prática não faz qualquer sentido nas sociedades do século XXI.

Mas, ao contrário do que seria de esperar, o individuo em questão sempre que fala sobre o assunto não acrescenta uma linha ao que qualquer aficionado de meia tijela é capaz de vomitar pela boca para fora.

Em entrevista à TSF, transcrita no Açoriano Oriental, do passado dia 7 de agosto, o senhor Dores começa por afirmar que na Graciosa existe a única praça de touros no mundo situada na cratera de um vulcão. Ao contrário do que ele pensa tal facto não é orgulho para ninguém, pois no mundo de hoje o que se assiste é à demolição de praças de touros ou a sua adaptação para outros fins, como centros comerciais, centros desportivos ou centros culturais, onde a tortura de animais não é permitida.

Com vistas curtas ou com palas nos olhos, o senhor Dores conhece um estudo que afirma que as touradas à corda contribuem com 11% para o PIB da Terceira e desconhece outro da autoria de Tomaz Dentinho e de João Paes que afirmam que as touradas apenas representam 0,6% do PIB.

De acordo com o Açoriano Oriental o senhor Dores pensa “que 11% do PIB da Terceira está relacionado com as touradas, porque as pessoas compram muita cerveja e bifanas durante as touradas à corda”. Se o senhor em questão não tivesse a idade que tem diria que a afirmação não passava de “coisa de rapazes” como já devia ter idade para ter juízo nada temos a acrescentar.

Como já tivemos a oportunidade de escrever termino esta nota desnecessária, afirmando “que tal como acontece com qualquer tipo de espetáculo, as touradas não são uma atividade produtiva, não contribuindo em nada para a economia real. Será que contribuem para melhorar a vida das pessoas os seguintes contributos para o PIB mencionados no estudo: o dinheiro pago aos ganadeiros (transferência de dinheiro para particulares), o pagamento de licenças (transferência de dinheiro para as autarquias), o consumo de comidas e bebidas (na maioria a partir de produtos importados e que aconteceria na mesma se a tourada fosse substituída por outra atividade festiva) ou o combustível e o desgaste de veículos de quem se desloca para as touradas (que estarão associados a um aumento da importação de derivados do petróleo e de carros ou peças para os mesmos), despesas dos hospitais com os feridos (em média, 300 por ano) e com as funerárias em casos de mortes (em média, uma por ano).


José Ormonde
10 de setembro de 2016



terça-feira, 30 de agosto de 2016

A falsa tradição das touradas à corda nos Açores




Sobre a tourada à corda nos séculos XX e XXI: alguns dados estatísticos

Através da análise ao número anual de touradas à corda, na ilha Terceira, facilmente se conclui que a tendência é a do aumento quase contínuo das mesmas, as quais cresceram cerca de 1400% (mil e quatrocentos por cento) num século (Fig.1).

Face a estes números, facilmente se conclui que na Terceira não se defende uma tradição quanto a nós que não tem qualquer razão para continuar, embora seja inegável que a tourada à corda é antiga, mas se fomenta uma indústria ou negócio sujo que vive de maltratar e humilhar animais e do sofrimento e morte de pessoas, que participam de sua livre vontade com a ajuda, muitas vezes de algum álcool.

Outro argumento, a comprovar que nem é a tradição caduca que está em causa, é o do esforço que a indústria tauromáquica tem feito para que as touradas à corda se expandam para as outras ilhas. Este esforço é feito sobretudo por terceirenses a viver fora da sua ilha e tem contado com fortes apoios governamentais e de autarcas sem um pingo de sensibilidade para as questões da educação cívica das populações e para as questões do bem-estar e dos direitos dos animais.

Uma estatística que nunca será feita com rigor é a do número de feridos e mortos pois o que as entidades oficiais fazem é desonesto, isto é, ou não recolhem os dados ou não os divulgam, estando assim ao serviço da deseducação e dos promotores da tortura animal.

Sobre este assunto, em 2014, o MCATA- Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia dos Açores estimou que as touradas à corda eram responsáveis anualmente por no mínimo uma morte e mais de 300 feridos.

De qualquer modo, como não está no âmbito deste texto apontar números de mortos e feridos, vamos limitar-nos a referir um caso ocorrido em 1936 que, por agora, não sabemos que teve algum impacto no número de touradas daquele ano. Assim, no ano referido devido à ocorrência de vários feridos numa tourada as mesmas terão sido suspensas (Fig. 2)


Com o 25 de abril de 1974 os promotores de touradas e criadores de touros, fiéis servidores da ditadura apanharam um susto que não passou disso mesmo pois não houve coragem de proibir alguns vícios.

Assim, de 1974 para 1975, o número de touradas foi reduzido em 73,3%. Tal facto, terá sido resultado de uma deliberação do Dr. Oldemiro de Figueiredo que, segundo Pedro de Merelim, “estabeleceu que, além das oitenta tradicionais, no sentido de evitar exageros, só concederia licença para touradas à corda nas freguesias aos sábados, domingos e feriados” (ver fig 3).


De 1978 para 1980, resultado do sismo que destruiu a ilha Terceira no dia primeiro de Janeiro, o número de touradas reduziu de 59,6%, tendo recuperado no ano seguinte, onde ocorreu um aumento de 193,3% de 1980 para 1981.

Os democratas que nos governavam, a esmagadora maioria servidores do Estado Novo reciclados, não tiveram coragem de proibir a realização das mesmas, pelo menos em 1980, ano em que a ilha sofreu uma calamidade que para a ultrapassar teve de recorrer à solidariedade de muita gente, no arquipélago e fora deste. O próprio Pedro de Merelim referiu que suprimir a tourada “constituiria sério risco eleitoral da autoridade que o ousasse”.

Desde aquela data até agora, com a exceção de alguns anos em que houve decréscimo, como já escrevemos a tendência tem sido o crescimento do número de touradas, com o apoio de políticos populistas que nem foram capazes de manter a proibição da realização das mesmas fora dos fins de semana e feriados.

Em síntese e em conclusão, com o apoio governamental, autárquico, de organizações ligadas à Igreja Católica, de empresas sem escrúpulos, as de touradas à corda, ao contrário do que seria desejável, isto é estarem a caminho da extinção, substituídas por atividades recreativas ou culturais sem a presença de bovinos, como o boi de mamão, no Brasil, têm vindo a crescer ao longo do tempo. Assim, conclui-se que o que a indústria tauromáquica faz não é tentar manter uma tradição, ainda que anacrónica, mas sim rentabilizar ao máximo o seu negócio à custa do desrespeito pelos animais e pelas pessoas, a esmagadora delas viciadas pela habituação e falta de educação que não é dada nas famílias e nas escolas.


José Ormonde
Açores, 17 de agosto de 2016


Bibliografia
- Merelim, P. (1986). Tauromaquia Terceirense. Angra do Heroísmo: Delegação de Turismo de Angra do Heroísmo.




domingo, 28 de agosto de 2016

Tortura de interesse público



O Secretário Regional da Educação e Cultura, Avelino de Meneses, declarou de "reconhecido interesse público" a participação de forcados terceirenses nas touradas da ilha Graciosa, com dispensa do trabalho para os funcionários públicos.

Mais subsídios encobertos para a tortura de animais.




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Proteste: tourada na freguesia da Feteira, Faial


Está prevista a realização duma tourada na freguesia da Feteira, Ilha do Faial, integrada na festa de Nossa Senhora de Lourdes. Escreva à Câmara Municipal, à Junta da Freguesia e ao Bispo dos Açores para impedir que o referido “espectáculo” se realize. Divulgue por todos os seus contactos. Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.


Para: presidente@cmhorta.pt, geral@cmhorta.pt, geral@feteira.com, geral@diocesedeangra.pt
Cc: acores@lusa.pt
Cco: mcatacores@gmail.com

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Horta
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Feteira
Exmo. e Revmo. Senhor Dom João Lavrador

No próximo dia 27 de Agosto está programada a realização duma tourada à corda, integrada no programa da festa de Nossa Senhora de Lourdes, na freguesia da Feteira, concelho da Horta.

Considerando que as touradas em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos;

Considerando que põem em risco, de forma absurda, a integridade física e até em algumas ocasiões a vida das pessoas;

Considerando que não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal, não havendo nem sequer qualquer tipo de tradição para este tipo de espectáculos no Município da Horta;

Considerando também que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara relativamente às touradas, que foram condenadas e proibidas pelo Papa Pio V, que as considerava como espectáculos alheios de caridade cristã;

Apelo a V. Ex.ª para que seja retirada a licença municipal à realização deste evento ou que a tourada à corda seja retirada do programa da festa de Nossa Senhora de Lourdes.

Melhores cumprimentos

(Nome, Localidade)



quarta-feira, 27 de julho de 2016

Tourada continua a manchar o bom nome dos Açores




TOURO INTENCIONALMENTE ATROPELADO NA ILHA TERCEIRA


Foi tornado público, através da divulgação de vídeos amadores, a brutalidade com que um touro foi atropelado, no passado dia 23 de julho, a mando do ganadeiro detentor do animal, numa tourada à corda, na freguesia das Fontinhas, concelho da Praia da Vitória.

Através da visualização dos vídeos é percetível a fuga do bovino, após a perda de controlo das cordas pelos "pastores", bem como a sua desorientação perante os gritos e correria das pessoas.

O MCATA associa-se às milhares de partilhas de vídeos/imagens e às centenas de comentários que condenam a forma como aquele animal foi abalroado sem qualquer tipo de acompanhamento veterinário que atenuasse o seu sofrimento após o embate da carrinha "pick up".

Realça-se o facto incompreensível, revelador da malvadez que envolve a indústria tauromáquica, de numa ilha onde se orgulham de referir 3 e mais touradas por dia, não existam estratégias definidas para situações deste género, que não passem por imagens violentas de atropelamentos sucessivos aos animais.

Esta é mais uma prova do perigo que as touradas à corda, vulgarmente denominadas de brincadeiras com o touro, oferecem para as pessoas e animais sem que as entidades oficiais obriguem a que os promotores, ganadeiros e restantes interessados economicamente, tenham planos de segurança.

Relembrando que os vídeos/imagens já são notícia aos níveis nacional e internacional, o MCATA, mais uma vez, lamenta que a indústria tauromáquica, que pretende elevar a tourada à corda a património imaterial da UNESCO, continue manchando a imagem dos Açores, despromovendo o turismo, através da violência gratuita que oferece como postal.

Açores, 27 de julho de 2016

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Proteste contra a realização de uma "vacada" nas Flores



Está prevista a realização duma “vacada” na localidade da Fazenda das Lajes, Ilha das Flores, integrada na festa do Senhor Santo Cristo.

Assine esta petição: Senhor Santo Cristo das Lajes das Flores sem vacada

Também pode escrever à Câmara Municipal, à Junta da Freguesia e ao Bispo dos Açores para impedir que o referido “espectáculo” se realize. Divulgue por todos os seus contactos. Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.

Para:
luismaciel@cmlajesdasflores.pt
geral@cmlajesdasflores.pt
jffazenda.flores@mail.telepac.pt
geral@diocesedeangra.pt,

Bcc:
mcatacores@gmail.com, acores@lusa.pt



Exmo. Senhor Presidente das Lajes das Flores
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia da Fazenda das Lajes
Exmo. e Revmo. Senhor D. João Lavrador

No próximo dia 30 de Julho está programada a realização duma “vacada”, integrada no programa da festa do Senhor Santo Cristo, na freguesia da Fazenda, concelho das Lajes das Flores.

- Considerando que as touradas ou “vacadas” em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos;

- Considerando que põem em risco, de forma absurda, a integridade física e até em algumas ocasiões a vida das pessoas;

- Considerando que não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal, não havendo nem sequer qualquer tipo de tradição para este tipo de espectáculos no Município das Lajes das Flores;

- Considerando que o Município das Lajes deveria corresponder aos critérios do galardão de Reserva da Biosfera, como um exemplo de respeito pela natureza, pelo ambiente e pelos animais, não ficando associada a sua imagem à prática deste tipo de eventos retrógrados;

- Considerando também que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara relativamente às touradas, que foram condenadas e proibidas pelo Papa Pio V, que as considerava como espectáculos alheios de caridade cristã;

Vimos apelar a V. Ex.ª para que seja retirada a licença municipal à realização deste evento ou que a “vacada” seja retirada do programa da festa do Senhor Santo Cristo.

Melhores cumprimentos

(Nome, Localidade)



quarta-feira, 20 de julho de 2016

Comunicado do MCATA: Sobre o recente estudo que atribui às touradas uma determinada contribuição para o PIB da ilha Terceira




Sobre o recente estudo que atribui às touradas uma determinada contribuição para o PIB da ilha Terceira

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) considera oportuno fazer algumas considerações e repor a verdade sobre alguns factos em relação ao recente estudo titulado “Os valores económicos e sociais da tourada à corda”, da autoria de Domingos Borges, que afirma que as touradas podem ser responsáveis por 11,4 % do PIB da ilha Terceira.

Antes de mais, é preciso deixar bem claro que o Produto Interior Bruto (PIB) não é um sinónimo de criação de riqueza, ideia errónea que muitas vezes é passada na comunicação social. Na realidade, o PIB tanto pode indicar criação de riqueza como uma simples transferência de dinheiro ou mesmo uma perda de riqueza para uma região ou país.

O PIB é um indicador que reflecte o valor total da produção de bens e serviços num país ou região num determinado período. No entanto, segundo Ladislau Dowbor, economista e consultor da ONU, é “uma cifra que, tecnicamente, ajuda a medir a velocidade que a máquina gira, mas não diz o que ela produz, com que custos ambientais e nem para quem”.

Para perceber melhor a questão podemos citar determinadas actividades económicas que entram dentro do cômputo do PIB mas que em nada favorecem a economia ou as populações que dela dependem, como pode ser por exemplo um aumento no sector funerário após uma epidemia, no sector de produção de armas quando o país entra em guerra, ou no sector madeireiro após um incêndio florestal.

Em relação às touradas, elas encontram-se economicamente na categoria de espectáculo, e como tal são um sector económico não produtivo, que não produz riqueza. Os touros são criados para participarem num espectáculo e com isso em nada beneficia materialmente, directa ou indirectamente, a população, para a qual só servem como distracção por breves momentos. É na realidade um tipo de economia dissipativa que gasta recursos humanos, materiais e naturais.

No referido estudo faz-se no entanto referência a outras actividades, estas sim produtivas, associadas ao espectáculo tauromáquico. Mas se as analisamos com atenção chegamos à conclusão de que a sua produtividade é muito reduzida ou nula. Aquilo que é pago ao ganadeiro é uma transferência de dinheiro da população para o bolso de um particular. O que é pago em licenças é uma transferência de dinheiro da população para a autarquia. O que é gasto em combustível e desgaste de veículos, citado no estudo, é na realidade uma perda de dinheiro para a economia da região, que com isto deve importar mais gasolina e mais carros. O sector das comidas e bebidas é realmente uma actividade produtiva, mas ela existe todo o ano independentemente do tipo de espectáculo e das touradas. E quando consideramos que aquilo que é mais consumido, a cerveja, é toda importada, percebemos que também aqui temos mais uma perda económica para a região.

E ainda poderíamos falar também da perda da produtividade no âmbito laboral que significa ter mais de uma tourada por dia na Terceira durante a primavera e o verão. Ou dos gastos médicos dos cerca de 300 pessoas feridas por ano nas touradas.

Não vamos aqui a discutir os números do referido estudo, mas eles são claramente exorbitantes quando referem um PIB do 11,4% às touradas na Terceira. Um outro recente estudo, muito mais realista, da autoria de Tomaz Dentinho e João Paes, calcula que representam apenas um 0,6% do PIB da ilha Terceira, uma diferença abismal. Como referência, podemos dizer que o sector leiteiro, um dos sectores produtivos mais importantes da região, contribui com um 9% para o PIB regional.

O MCATA considera que o referido estudo, realizado desde e com o apoio do mundo tauromáquico, não tem outro propósito para além de amplificar os números de forma absurda e exagerada e ocultar a natureza não produtiva das touradas, apoiando assim o negócio da tauromaquia num momento em que esta actividade é tão criticada nos Açores e no mundo inteiro.

Na realidade, a economia da ilha Terceira só ganharia com o fim das touradas e dos subsídios públicos a elas atribuídos. A qualidade de vida e o futuro dos terceirenses melhoraria sem dúvida se o dinheiro gasto nas touradas fosse destinando a sectores produtivos da economia e que melhorassem a produtividade, a competitividade e a inovação no tecido empresarial da ilha.

Afinal, qual é o interesse de ter um PIB, por pouco ou muito elevado que este seja, baseado apenas em perdas e despesas e não na criação de riqueza?


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
20/07/2016




sexta-feira, 24 de junho de 2016

As Sanjoaninas e a tortura animal



As Sanjoaninas e a tortura animal

Como é do conhecimento público e como tem sido hábito pelas sanjoaninas, Angra do Heroísmo transforma-se na capital da tortura de bovinos e da deseducação de jovens e crianças. Tal só é possível com o apoio por parte da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, nos últimos cinco anos, de um milhão e trezentos mil euros e este ano de cem mil euros.

Se formos investigar os programas das festas ao longo dos tempos facilmente se concluirá que a “nobreza” angrense sempre associou umas festas com uma forte componente recreativa ao mais arcaico e vil ato de torturar e matar animais para divertimento de seres que se dizem humanos.

Não vamos ser exaustivos e comentar ano a ano os diversos programas apresentados pelas diversas comissões organizadoras das sanjoaninas para não massacrar os corações dos seres humanos mais sensíveis. Neste texto, limitar-nos-emos a dar a conhecer alguns aspetos menos conhecidos que não abonam a favor do bom nome dos angrenses, pois nem todos têm culpa de na sua terra viverem pessoas sem escrúpulos e sanguinárias.

Entre 1812 e 1814, o inglês Briant Barret visitou as sete ilhas dos Açores do grupo central e oriental, tendo assistido na ilha Terceira às festas do Espírito Santo e às festas em honra de São João.

Num manuscrito ainda inédito, existente na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, Barret relata as barbaridades que observou numa tourada onde, para além dos touros, eram vítimas de maus tratos outros animais, como gatos, coelhos e pombos.

Em 1839, segundo o jornal “O Angrense”, no último dia dos festejos, houve uma simulação de uma caçada, sendo as vítimas coelhos e pombas e algozes quem matou não por necessidade de alimento mas por puro sadismo. Para os leitores ficarem com uma ideia do divertimento abaixo transcrevemos o relato do que ocorreu:

“Depois de sair a Dança, quando todos os espetadores estavam mutuamente aplaudindo o espetáculo, e não esperavam senão pela cavalhada, um novo entretenimento inesperado deu entrada na Praça, que obteve muita aceitação. Alguns mascaras era trajes de caçadores, trazendo uma matilha de cães, e a tiracolo os seus furões, fizeram introduzir na Praça uma coluna artificial, coberta de arbustos e fetos, dentro da qual estava invisível um indivíduo, que lançando amiudadamente pombas e coelhos, dava aos caçadores aquele prazer que sentem em empregar um tiro. O latido dos cães que corriam atrás dos coelhos, a sagacidade do furão que desalojava, e trazia os que se escondiam nas covas do monte; a bulha, os gestos, e vozearias dos caçadores, dava perfeitamente uma ideia do que é uma caçada, e satisfez por extremo aos que nunca tinham visto aquele divertimento”.

Num texto publicado em 1925, Gervásio Lima descreveu como eram as festas de São João na Ilha Terceira. Através da sua leitura ficámos a saber que houve grandes alterações, uma das quais foi o facto dos responsáveis pelas mesmas terem sobrevalorizado a componente profana e mandado às urtigas a religiosa. Na componente profana, com a bênção da igreja que se agarra a tudo para não perder seguidores, nunca faltaram as touradas, primeiro com touros em pontas “até que um decreto ordenou que se serrassem as pontas, pelas muitas mortes que causavam…”

Sobre o assunto, escreveu Gervásio Lima: “os jogos de luta e destreza, as justas e torneios, que terminavam sempre por corridas de toiros, em pontas, nos primeiros anos, em que chegaram a matar segundo o uso de Espanha e, talvez, por influência da dominação filipina que na alvorada do século XVII exerceu predomínio nos costumes terceirenses”.

Nem no ano em que Portugal saiu de uma ditadura que, para além de torturar e matar os seus cidadãos que pensavam de modo diferente ou os que, sendo da mesma laia, caiam em desgraça, sempre acarinhou a tortura animal, as festas de São João de Angra do Heroísmo deixaram de torturar touros e cavalos.

Em 1974, para além de uma tourada à corda e de uma espera de gado, realizaram-se três touradas de praça. A primeira tourada de praça mereceu um texto publicado no Diário Insular assinado por Bruges da Cruz que demonstra a sua falta de humanidade já que nem uma palavra escreveu sobre a tortura animal, sendo a única preocupação com a mansidão dos touros. Segundo ele “na verdade, com touros tão mansos não se pode tourear”.

Não podia terminar este texto sem dedicar uma frase ao senhor Bruges da Cruz e a todos os promotores e frequentadores de touradas: “com gente tão reles, sádica e retrógrada o mundo não pode evoluir”.


Mariano Soares
20 de junho de 2016


terça-feira, 21 de junho de 2016

Comunicado MCATA: Entregue na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo uma petição para acabar com o financiamento público das touradas




Entregue na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo uma petição para acabar com o financiamento público das touradas

Foi entregue no dia de hoje, 21 de Junho, uma petição para acabar com o financiamento público das touradas por parte da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

A petição reuniu até ao momento um total de 2.589 assinaturas, estando ainda a decorrer a sua recolha na plataforma “change.org”: https://www.change.org/p/c%C3%A2mara-municipal-de-angra-do-hero%C3%ADsmo-acabar-com-o-financiamento-p%C3%BAblico-das-touradas-em-angra-do-hero%C3%ADsmo-a%C3%A7ores

Os peticionários protestam pelo valor exorbitante de dinheiros públicos que são gastos anualmente por parte da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo na realização da feira taurina que integra o programa das suas festas concelhias. Nos últimos cinco anos foram gastos nesta feira um milhão e trezentos mil euros (1.300.000 euros) de dinheiros públicos e no presente ano a mesma autarquia vai gastar mais cem mil euros (100.000 euros).

A este elevado montante devem somar-se ainda, por exemplo, os duzentos mil euros (200.000 euros) que a câmara ofereceu recentemente à indústria tauromáquica com a cessão do direito de propriedade do terreno municipal onde foi construída a praça de touros da ilha Terceira.

A petição, criada pelo Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA), considera imoral que num momento de crise para a ilha Terceira, com reiteradas dificuldades e cortes sociais, a mencionada autarquia continue a destinar dinheiro público dos impostos para touradas, em detrimento de verbas para educação, solidariedade social e iniciativas culturais.

A petição afirma que as touradas são uma prática anacrónica, baseada na tortura e no sofrimento animal, que não acrescenta nada de positivo à ilha e que envergonha cada vez mais os açorianos e a própria humanidade.

Os peticionários, que se consideram chocados com esta situação, apelam à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo para que termine com o financiamento público de touradas.


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
21/06/2016



PETIÇÃO: Acabar com o financiamento público das touradas em Angra do Heroísmo



segunda-feira, 20 de junho de 2016

Uma mentira repetida não pode ser transformada em verdade




As touradas nas sanjoaninas: uma mentira repetida não pode ser transformada em verdade

No passado dia 12 de junho, a revista de péssima qualidade “Açores”, que se publica aos domingos com o jornal “Açoriano Oriental”, brindou os seus cada vez menos leitores com um suplemento sobre as sanjoaninas.

Como não podia deixar de ser, os amantes da tortura de bovinos voltaram a ter um espaço dedicado a divulgar a barbaridade das touradas, tendo aproveitado o mesmo para demonstrar a sua falta de humanidade e de cultura.

Não conhecendo ou deturpando a história da sua terra, num texto publicado o presidente de uma agremiação que promove a desumana “Festa Brava” veio a público dizer que as touradas são quase tão antigas como as festas de São João, o que é um perfeito disparate, e que “houve um tempo em que as próprias sanjoaninas eram as corridas de touros”, o que é outro disparate já que, ao longo dos tempos, sempre houve outras atiidades, infelizmente por vezes também associadas a maus tratos a alguns animais.

Para os leitores poderem conhecer, sem distorções, um pouco das tradições das festas de São João, na ilha Terceira, aconselhamos a leitura do texto “As festas de São João” da autoria do historiador Frederico Lopes (João Ilhéu) que se encontra no livro “Notas Etnográficas”, publicado pelo Instituto Histórico da Ilha Terceira.

Outra falsidade repetida é a de que há muitas pessoas a visitar a Terceira por causa das touradas. A verdade é que já este ano o número de turistas a visitar a ilha cresceu, durante o período em que não torturam animais.

Todos os anos (e este não foi exceção) repete-se o argumento da ida à Terceira de muitos turistas para verem as touradas da Feira de São João. A verdade é que bastava comparar o número total de visitantes e o número dos que vão às touradas de praça para facilmente se chegar à conclusão de que o primeiro é esmagadoramente maior e que aos “espetáculos de tortura” vão os do costume repetidamente e outros cidadãos que se dizem humanos, mas que não respeitam os outros seres vivos que devem viver e morrer com dignidade.

A ilha Terceira vale pelas suas belezas naturais, pelo saber receber das duas gentes, pelo património arquitetónico de Angra e as sanjoaninas seriam melhores e atrairiam muito mais pessoas, se não estivessem associadas a práticas arcaicas e sangrentas como são as touradas.


José Brazil
17 de junho de 2016



sexta-feira, 10 de junho de 2016

Assine a petição: Acabar com a presença de crianças nas touradas



Acabar com a presença de crianças nas touradas

É conhecida a presença regular de crianças nas touradas nos Açores, principalmente na qualidade de espectadores mas também na qualidade de participantes activos, estando presentes nas touradas de praça, nas touradas à corda e noutros tipos de eventos tauromáquicos.

Segundo a opinião generalizada de psicólogos e pedopsiquiatras, a exposição aos espectáculos tauromáquicos prejudica o desenvolvimento harmonioso das crianças, podendo mesmo causar-lhes efeitos traumáticos. Esta exposição origina igualmente uma marcada e muito preocupante habituação à violência, para além de ser capaz de gerar uma tendência à violência activa.

Em 2014, o Comité dos Direitos das Crianças da ONU mostrou-se “preocupado com o bem-estar físico e mental das crianças envolvidas em treino para touradas, bem como com o bem-estar mental e emocional das crianças enquanto espectadores que são expostos à violência das touradas" e exortou Portugal para que tomasse medidas legislativas para proteger todas as crianças expostas e envolvidas em touradas "tendo em vista uma eventual proibição" desta exposição.

No entanto, em completo desrespeito pelos alertas dos profissionais de saúde e pelas conclusões do Comité dos Direitos das Crianças da ONU, a presença de crianças nas touradas continua a ser fomentada nos Açores.

Esta situação é especialmente grave e alarmante no âmbito das festas Sanjoaninas, realizadas no município de Angra do Heroísmo, onde anualmente é organizada uma “tourada para crianças” na praça de touros da Terceira, um espectáculo sangrento ao qual são levadas crianças de idade escolar e pré-escolar. Para além do referido, também são organizadas uma “tourada à corda para crianças” e uma “espera de gado para crianças”, onde é incentivada a presença e a participação activa das crianças.

Tendo em conta as obrigações que o estado português e as autoridades públicas devem ter relativamente à protecção das crianças, particularmente sendo Portugal assinante da Convenção sobre os Direitos da Criança, e tendo em conta os riscos a que elas são submetidas, particularmente na ilha Terceira, vimos apelar à Assembleia Legislativa dos Açores e ao Governo Regional dos Açores para que a região adopte as medidas necessárias para acabar com a presença de crianças nas touradas.


ASSINE A PETIÇÃO: Acabar com a presença de crianças nas touradas




quarta-feira, 8 de junho de 2016

A cruel tradição das touradas à corda




Um pobre animal espicaçado por milhares de paus, que lhe produzem
largos ferimentos, chegando algumas vezes
a esvaírem-lhes os olhos.




segunda-feira, 6 de junho de 2016

Touradas à corda e festas do Espírito Santo



Há uma ligação íntima entre touradas à corda e festas do Espírito Santo?

Os defensores das touradas à corda, nomeadamente aqueles que querem que aquela brutalidade seja considerada património imaterial da humanidade, pretendem fazer crer que não há festas do Espírito Santo sem touradas à corda.

Se formos às origens das festas do Espírito Santo em Portugal Continental ou mesmo nas várias ilhas dos Açores facilmente se concluirá que tal não corresponde à verdade. Com efeito, consulte-se os micaelenses Armando Corte Rodrigues ou Aníbal Bicudo e não verão qualquer referência a touradas nas festas do Espírito Santo. De igual modo, sendo a introdução das touradas em São Jorge e na Graciosa datadas do século passado, a partir da Terceira, prova-se que só passou a haver associação entre as duas coisas a partir de então.

Na ilha de São Miguel, sendo a reintrodução das mesmas mais recente, também se confirma que só por oportunismo da indústria tauromáquica e falta de fé, de compaixão, de educação e de escrúpulos, por parte dos mordomos de algumas irmandades é que se associam impérios do Espírito Santo a touradas à corda que até, em abono da verdade, não o são.

Se formos à ilha Terceira, onde as duas coisas parecem estar intimamente associadas, a verdade é que tal se deve ao oportunismo da indústria tauromáquica que se aproveita da ingenuidade, da deseducação e do vício das pessoas para sacar dinheiro. A confirmar o mencionado, o insuspeito historiador terceirense Frederico Lopes, no seu livro Notas Etnográficas, afirmou que as touradas à corda são o “remate certo de todas as festas, quer religiosas quer profanas”.

Como afirmou Frederico Lopes a indústria tauromáquica também associou touradas às festas do Espírito Santo, mas como se verá a seguir nem sempre às de corda. Com efeito, uma consulta ao jornal “O Angrense”, que se publicou na ilha Terceira entre 1836 e 1910, verifica-se que se realizavam touradas de praça para apoiar impérios e claro os ganadeiros e outros.

A título de exemplo, abaixo transcrevemos as seguintes notícias:

“Realiza-se amanhã, 30, uma corrida de touros, na praça de São João em benefício do Espírito Santo de S. João de Deus” (O Angrense, 3 de agosto de 1874).

“Deve realizar-se, no próximo domingo, a corrida de touros, na praça de S. João, em benefício do Império dos Quatro Cantos”(O Angrense, 31 de outubro de 1875)

Embora desconheçamos mais pormenores, parece-nos que no passado há algo de diferente com o que se passa hoje. Assim, se no passado as touradas, embora condenáveis, eram de beneficência, isto é, em princípio destinavam-se a financiar os impérios, hoje, com a inclusão das touradas nos programas dos impérios o objetivo é precisamente sacar dinheiro dos irmãos ou da irmandade, que se devia destinar à solidariedade com os mais desfavorecidos, para o entregar a uma indústria anacrónica e imoral.

Face ao exposto, por que mantém um silêncio cúmplice a hierarquia da Igreja Católica?


José Ormonde
Açores, 26 de maio de 2016



sexta-feira, 3 de junho de 2016

Mais feridos nas touradas à corda


Santo Amaro, ilha Terceira, 29 de Maio de 2016.



"Vamos todos procurar dignificar mais ainda a maior manifestação taurina do mundo, em defesa da nossa imagem no exterior e da dignidade da pessoa humana acima de tudo"
J.H. Pimpão (Diario Insular, 2 Junho 2016).


NAS TOURADAS À CORDA CADA ANO MORRE EM MÉDIA 1 PESSOA E 300 FICAM FERIDAS



quarta-feira, 1 de junho de 2016

O fracasso da pretensa tourada de solidariedade



O FRACASSO DA PRETENSA TOURADA DE SOLIDARIEDADE

Apesar da publicidade na RTP-Açores, na RDP- Açores e no canal Azores TV (1) a tourada cujo lucro estava previsto ser doado à Liga Portuguesa Contra o Cancro foi um fracasso que os seus organizadores não assumiram por completo.

O porta-voz dos adeptos da tortura, o jornal Diário Insular limitou-se a publicar, no dia 31 de maio, um texto intitulado “Objetivo Cumprido”, o que, diga-se em abono da verdade, espelha o pretendido pelos organizadores, isto é, divertir-se com o sofrimento e a morte desnecessária de animais.

De acordo com o texto referido, o balanço do evento foi o seguinte: os espetadores nem encheram metade da praça, segundo o autor, devido ao estado do tempo que “não ajudou a que os indecisos de última hora rumassem à Monumental de Angra”, um forcado, Carlos Vieira, ficou lesionado e “os valores apurados, sendo muito ou pouco, serão sempre reconhecidos”.

Face ao exposto, as seguintes hipóteses poderão ser levantadas:

1- Os ditos espetáculos de cravar ferros em animais, fazendo-os sangrar antes de serem mortos depois dos mesmos, já não têm os adeptos que tinham;

2- As pessoas que pretendem colaborar acham que o podem fazer ajudando diretamente as instituições, considerando que a solidariedade faz-se sem torturar animais;

3- Os contribuintes consideram que apoiar a entidade escolhida seria o mesmo que pagar mais um imposto, pois tratava-se de um serviço de um hospital público e que o governo já cobra impostos mais do que suficientes para financiar todos os serviços sob a sua responsabilidade.


José da Agualva

(1) Video promocional:
https://www.youtube.com/watch?v=OqsGyyi7NWQ&feature=youtu.be
- Video da tourada:
http://www.rtp.pt/acores/sociedade/tourada-polemica-entrega-receita-ao-hospital-da-ilha-terceira-video_50502






quinta-feira, 26 de maio de 2016

Beneficência?




Por favor, mostre a sua indignação e peça ao Governo Regional que repudie a realização da tourada. Texto: aqui.


terça-feira, 17 de maio de 2016

Comunicado MCATA: As falsas touradas de beneficência da Tertúlia Tauromáquica




As falsas touradas de beneficência da Tertúlia Tauromáquica

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) considera que caiu a máscara à falsa tourada de beneficência organizada, primeiro, pretensamente em beneficio da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) e, agora, em benefício do Hospital de Angra do Heroísmo, nomeadamente do seu Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular.

Alguém pode acreditar que uma iniciativa de angariação de fundos possa ser realizada mesmo com a rejeição da própria entidade beneficiária, que repudia e condena claramente essa iniciativa? Alguém acredita que a tourada foi realmente organizada pela LPCC quando agora a mesma tourada passa a ser realizada com um beneficiário diferente?

O MCATA não tem dúvidas de que o autêntico organizador da tourada foi sempre a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, que tentou instrumentalizar a LPCC e utilizar a etiqueta da beneficência com a única finalidade de garantir a sua tourada. Depois do firme repúdio da LPCC, é a mesma Tertúlia a que tenta agora abertamente instrumentalizar o hospital de Angra como forma de lavar a imagem a uma actividade sangrenta.

Já no dia 9 de Maio de 2015 a Tertúlia realizou uma falsa tourada de beneficência na qual o beneficiário era a própria Tertúlia e o seu grupo de forcados. É a chamada auto-beneficência! Este ano as aspirações foram maiores e tentaram envolver uma entidade nacional como a LPCC, vendo no entanto goradas as suas expectativas.

O MCATA considera que é uma gravíssima afronta a todos os açorianos que um hospital do Serviço Regional de Saúde e, por extensão, o Governo Regional dos Açores e a própria Região, sejam agora coniventes com a realização desta sangrenta tourada. Considera também que o Serviço Regional de Saúde, pertencente a todos os açorianos, deveria estar livre da instrumentalização que pretende fazer dele a indústria tauromáquica terceirense.

É sempre possível a angariação de fundos para qualquer instituição através de práticas pacíficas e consensuais, que não envolvem sofrimento nem maltrato de animais. Associar a prática da tortura animal a fins e propósitos nobres de beneficência é, nos dias de hoje, um grave insulto à inteligência e sensibilidade das pessoas.

Assim, o MCATA pede ao Secretário Regional da Saúde e ao Presidente do Governo Regional que repudiem, como já fez a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a realização desta tourada, e não permitam que a Região Autónoma dos Açores, ou um qualquer dos seus serviços públicos, figure como promotora de um espectáculo de tortura animal.


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
17/05/2016




quinta-feira, 12 de maio de 2016

Escreva contra tourada promovida por hospital público


Por favor, mostre a sua indignação e peça ao Governo Regional que repudie a realização de uma tourada supostamente para angariação de fundos para um hospital público.

Contactos:
Para:
presidencia@azores.gov.pt, sres@azores.gov.pt,
CC:
sres-drs@azores.gov.pt, sres-hseit@azores.gov.pt, hseit.adm.secretariado@azores.gov.pt, deputados@alra.pt, acoresmelhores@gmail.com,



Exmo. Senhor
Presidente do Governo Regional dos Açores

Exmo. Senhor
Secretário Regional da Saúde

A Tertúlia Tauromáquica Terceirense e o Núcleo dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro anunciaram a realização de uma tourada de praça “de beneficência” para o próximo dia 29 de Maio que foi, muito bem, repudiada pela Direção Nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

No entanto, depois da recusa desta organização, a verdadeira organizadora da tourada, a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, não desiste dela e como forma de lavar a imagem das sangrentas e cada vez mais repudiadas touradas alteram o beneficiário, que passa a ser o Hospital de Angra do Heroísmo, nomeadamente o seu Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular.

Considerando que é um insulto ao sentir generalizado da maioria dos açorianos e de todas as pessoas que, em todo o mundo, respeitam todos os seres vivos, associar a tortura de animais a fins e propósitos nobres de beneficência,

Considerando que é uma gravíssima afronta a todos os açorianos que um hospital do Serviço Regional de Saúde e, por extensão, o Governo Regional dos Açores e a própria Região, figurem publicamente como promotores de uma tourada,

Tendo em conta que é possível a angariação de fundos através de práticas pacíficas e consensuais, que não envolvem sofrimento de animais para divertimento de pessoas pouco sensíveis,

Pedimos ao Secretário Regional da Saúde, Sr. Luís Mendes Cabral, e ao Presidente do Governo Regional dos Açores, Sr. Vasco Alves Cordeiro, que repudiem, da mesma forma como já fez a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a realização desta tourada e não permitam que a Região Autónoma dos Açores, ou um qualquer dos seus serviços públicos, figure como promotora de um espectáculo de tortura animal.

Com os melhores cumprimentos

(Nome)




domingo, 8 de maio de 2016

Obrigado à Liga Portuguesa Contra o Cancro



"Como cidadã e como sobrevivente de cancro", é "uma afronta submeter os animais a um terrível sofrimento em prol de uma sempre necessária obtenção de receitas!""




quinta-feira, 5 de maio de 2016

Anulada a tourada organizada pelo Núcleo Regional da LPCC


A Direcção Nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro anulou a decisão do seu Núcleo Regional dos Açores de organizar uma tourada.

Parabéns a uma instituição que se rege pelos princípios da ética e do compromisso e que não se deixa submeter aos interesses da indústria tauromáquica, que possui tentáculos em várias organizações.

Por favor, escrevam à Direcção Nacional para agradecer a anulação deste atentado contra os animais e contra as pessoas (info@ligacontracancro.pt).



RESPOSTA DA LPCC:

Exmo. Senhores,
Os meus melhores cumprimentos.

Venho informar que a Direcção da Liga Portuguesa Contra o Cancro é absolutamente contra a realização de Touradas ou de espetáculos semelhantes e, que, de imediato, providenciamos no sentido da anulação do espetáculo programado pelo Núcleo Regional dos Açores.

Apresentamos as nossas desculpas por tão insólita organização que só por descuido, desatenção e inexperiência foi anunciado,

Com a certeza que não pactuamos com este tipo de espetáculo, reiteramos os melhores cumprimentos.

Dr. Vítor Veloso
Presidente Nacional
Liga Portuguesa Contra o Cancro


terça-feira, 3 de maio de 2016

Comunicado MCATA: O MCATA repudia a realização de uma tourada organizada pelo núcleo dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro




O MCATA repudia a realização de uma tourada organizada pelo núcleo dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro

No próximo dia 29 de maio está prevista realização de uma tourada de praça na ilha Terceira, por iniciativa do Núcleo dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro que conta com a colaboração da Tertúlia Tauromáquica Terceirense com o objectivo da angariação de fundos destinados à criação de uma bolsa de investigação em oncologia.

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) nada tem a objectar em relação à criação da bolsa, mas rejeita o recurso a um espectáculo violento onde são torturados animais como meio de angariação de fundos. Com efeito, os fins pretendidos não justificam os meios, quando são inúmeros os processos que podiam ser utilizados para tal fim, bastando um pouco de criatividade e bom senso por parte da direcção do Núcleo dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

O MCATA apela à Direcção Nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro para que não permita que uma direcção regional constituída maioritariamente por adeptos de uma prática sádica e violenta manche o bom nome de uma organização e apela a todas as pessoas para que se manifestem pelos meios que melhor entenderem, mostrando que as touradas são práticas obsoletas em pleno século XXI.


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
03/05/2016






Fonte: https://youtu.be/4SxIQGHtyi8

sexta-feira, 22 de abril de 2016

BE contra os apoios públicos às touradas




BE quer impedir apoios públicos a espetáculos que impliquem o sofrimento de animais

O Bloco de Esquerda apresentou hoje uma proposta para proibir a atribuição de apoios públicos a espetáculos com fins comerciais que impliquem o sofrimento ou a morte de animais, como touradas de praça ou circo.

“Numa altura em que escasseiam meios públicos para reanimar a economia e criar emprego, e quando falta apoio público para promover atividades culturais, não se pode admitir que se esbanje dinheiro público num espetáculo tão dispendioso como é a tourada de praça, por exemplo”, disse hoje o coordenador do Bloco de Esquerda, Paulo Mendes, em conferência de imprensa.

Em causa estão apenas os apoios do Governo Regional, uma vez que o parlamento dos Açores não tem competência sobre as autarquias, e são abrangidos apenas os espetáulos com fins comerciais – para o qual é cobrado um bilhete.

Paulo Mendes salienta que esta iniciativa é o cumprimento de um compromisso eleitoral do BE, e que está de acordo com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, da UNESCO, que determina que “nenhum animal será submetido a maus tratos e atos cruéis”.

“Quem quiser organizar espetáculos que impliquem o sofrimento físico ou psíquico de animais não pode contar com o apoio público para isso!”, disse o coordenador do BE.


Fonte: http://acores.bloco.org/noticias/be-quer-impedir-apoios-publicos-espetaculos-que-impliquem-o-sofrimento-de-animais/2304.

-------------------------------------------------

Projecto de Decreto Legislativo Regional: http://base.alra.pt:82/iniciativas/iniciativas/XEPjDLR064.pdf


terça-feira, 12 de abril de 2016

Câmara de Angra oferece mais duzentos mil euros aos tauromafiosos




Dinheiros públicos usados na construção da Praça de Touros de Angra do Heroísmo

Em 1983, começou a construção da atual praça de touros da ilha Terceira, cujo projeto foi da autoria do Eng.º Fernando Ávila e a primeira fase foi adjudicada por 25 mil contos à firma Matos & Santos.

No ano seguinte, em 1984, o centro de tortura de Angra do Heroísmo, foi inaugurado no dia 21 de junho, tendo assistido à cerimónia pessoas sem coração, como o ministro da República, general Conceição e Silva; o presidente do Governo Regional dos Açores, Dr. Mota Amaral e Manuel de Sousa Mancebo, o maior acionista da Praça, emigrante nos Estados Unidos.

Com a “mania” das grandezas, os promotores fizeram uma praça maior do que a do Campo Pequeno, mais dois metros de diâmetro, com 28 camarotes e com uma lotação de 5.028 lugares, destes 4720 destinam-se a venda e 308 destinados às autoridades. Mas a cereja no topo do bolo ou o cúmulo da hipocrisia está na presença de uma capela que tinha como orago Nossa Senhora do Pilar.

A praça da tortura era (é) pertença da Sociedade Tauromáquica Progresso Angrense- promotora de espetáculos taurinos, SARL, sendo a Tertúlia Tauromáquica Terceirense um dos sócios fundadores.

De acordo com o historiador Pedro de Merelim, “o redondel custou 50 milhões de escudos. O Executivo Regional comparticipou com 17.500 contos e o industrial Manuel de Sousa Mancebo, radicado em Tulare desde 1922, comprou ações no valor de 16.500.000$” e como se não bastasse o dinheiro de todos nós dado pelo governo “a Camara Municipal, por si, cedeu o terreno necessário a construção”.

De acordo com a ata nº 5/2015, da Reunião da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, realizada no dia 6 de março de 2015, ficou decidido, por unanimidade, “Doar à Sociedade Progresso Tauromáquica Terceirense, com o NIPC 512009481 e sede na Avenida Jácome de Bruges, o direito de propriedade plena relativamente ao prédio onde se encontra edificada a Praça de Toiros da Ilha Terceira, correspondente ao lote n.º 1, inscrito na matriz sob o artigo 1381 provisório, sito na Avenida Jácome de Bruges, referente ao loteamento titulado pela Certidão emitida pelos serviços municipais, no dia 1 de outubro de 2014, atribuindo para efeitos do mesmo contrato o valor de € 200.000,00 (duzentos mil euros).

Para além da deliberação anterior a Câmara “exige” que o fim principal seja a tortura de animais, como se poderá ver pelo ponto dois da referida deliberação: “ Incluir no contrato de doação uma cláusula que limite o fim de utilização do mesmo lote à manutenção e funcionamento em pleno da Praça de Toiros da Ilha Terceira para o exercício de atividades taurinas, sem prejuízo de outras atividades que visem a respetiva sustentabilidade económico financeira, sob pena da respetiva resolução caso se verifique o incumprimento desta obrigação, tendo por consequência a reversão do prédio objeto de doação para a esfera jurídica do Município, nos termos do artigo 960.º do Código Civil”.


José Ormonde
5 de abril de 2016


sábado, 2 de abril de 2016

Apontamentos sobre a tauromaquia em São Jorge




Apontamentos sobre a tauromaquia em São Jorge

Como é sabido a Ilha Terceira tem sido ao longo dos tempos o bastião da vil prática de torturar bovinos e o centro irradiador da tauromaquia para outras ilhas do arquipélago, com destaque para as ilhas da Graciosa e São Jorge.

De acordo com o historiador Pedro de Merelim, a primeira tourada à corda, em São Jorge, realizou-se a 7 de setembro de 1934, durante as festas de São Mateus da Calheta. Segundo o autor citado: “Os rapazes de S. Jorge apesar de a tal, não estarem habituados, demonstraram arrojo e entusiasmo. José Veríssimo, o Prosa, natural da ilha Terceira, dirigiu a corrida. Gente das freguesias circunvizinhas acorreu, dando ao acontecimento esfusiante alegria. Outras touradas a corda se perspetivaram, para a mesma vila e freguesia da Urzelina”.

Com touros vindos da ilha Terceira, em São Jorge começou a prática de desrespeitar animais, de assocair as touradas às festas religiosas, sem que a igreja se manifestasse contra aquela prática viciante e que, inclusive, desvia dinheiro dos paroquianos que poderiam reverter para a própria paróquia para os bolsos dos ganadeiros.

Depois da introdução da chamada tauromaquia popular, a indústria tauromáquica, que é insaciável em sangue e em dinheiro sem esforço, partiu para a introdução das touradas mais sangrentas para os animais, as de praça. Assim, de acordo com o autor citado, em 1948, “Alfredo Ovelha deslocou-se a S. Jorge, onde foi estudar, sem êxito, a possibilidade de realizar naquela ilha uma tourada de praça.”

Mais tarde, em 2005, o Governo Regional dos Açores, presidido por Carlos César, deu uma ajudinha à prática da tortura, através da “cedência, a título definitivo e oneroso, à Tertúlia Tauromáquica Jorgense – Amigos da Festa Brava Jorgense, de dois prédios rústicos sitos ao Pico da Caldeira de São Jorge, freguesia e concelho de Velas, inscritos na matriz predial rústica sob os artigos 2432.º e 1458.º e descritos na competente Conservatória do Registo Predial, respetivamente sob os n.ºs 804 e 608/Velas, ao abrigo do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 97/70, de 13 de Março, conjugado com o n.º 3 do artigo 5.º do Decreto Legislativo Regional n.º 3/2004/A, de 28 de Janeiro”

De acordo com a Resolução do Conselho do Governo n.º 74/2005 de 19 de Maio de 2005, os terrenos que custaram a quantia irrisória de 6 000 euros e destinavam-se à” construção de uma Escola de Equitação e parque de estacionamento de apoio à Praça de Touros”. Ainda de acordo com a mesma resolução “, os terrenos ora cedidos regressam ao património da Região Autónoma dos Açores se lhes for dado fim diferente do assinalado ou em caso de incumprimento das condições da cedência”.

A justificação para a cedência dos terrenos é uma autêntica afronta a todas as pessoas que têm e usam o cérebro para pensar. Com efeito, entre as diversas cabeças existentes no Governo Regional dos Açores de então, ninguém viu que era um disparate o seguinte:

“Considerando que a Câmara Municipal das Velas classifica a Tertúlia Tauromáquica Jorgense como uma instituição de grande valor no concelho, quer do ponto de vista turístico quer cultural, e que a construção de uma Escola de Equitação se apresenta como um projeto de grande importância.”

Quando é que uma instituição que fomenta os maus tratos a animais tem valor cultural? Que turistas vão a São Jorge para assistir à tortura de um animal numa praça de touros? Onde anda a Escola de Equitação? Porque não exige o Governo a devolução dos terrenos ao património da região?

O ano de 2014 foi um ano negro para São Jorge, que se traduziu na morte, perfeitamente evitável, do senhor Horácio Borges numa tourada à corda e num número de feridos que nunca entra nas estatísticas porque há hospitais e centros de saúde e corporações de bombeiros que os escondem.

Foi, também, em 2014 que, depois de um interregno, regressaram as touradas de praça, com o ferimento de pelo menos um forcado. Para além do referido, regista-se a falta de vergonha por parte da Tertúlia Tauromáquica Jorgense que pediu o apoio no valor de 35 000 (trinta e cinco mil euros) para a realização de uma tourada de praça no âmbito da Semana Cultural (?) das Velas. Vergonhosa foi, também, a ação da Câmara Municipal das Velas que atribuiu 3500 € à referida Tertúlia contra a cedência de 50 bilhetes para a tourada a distribuir por Instituições de Solidariedade Social do Concelho.


José Ormonde
2 de abril de 2016


sexta-feira, 25 de março de 2016

Proteste contra o abuso de crianças na semana da ciência





PROTESTE
Solicita-se a colaboração de tod@s para o ENVIO e PARTILHA do seguinte texto


Para:
ebi.angraheroismo@azores.gov.pt, dre.info@azores.gov.pt, srec.gabinete@azores.gov.pt, diredacao@diarioinsular.com, acores@lusa.pt


Exma. Senhora Presidente do Conselho Executivo da EBI de Angra do Heroísmo
Exmo. Senhor Secretário Regional da Educação e Cultura

Foi com indiganção e surpresa que tomamos conhecimento, através do programa da XIV Semana da Ciência, promovida pelo Departamento de Ciências da EBI de Angra do Heroísmo, da conferência “A importância da festa Brava na ilha Terceira” integrar o elenco das temáticas.

Não é compreensível que na promoção da ciência - uma área que leva à importância de questionar, de comprovar, da experenciação, da reflexão - tenha sido subtilmente aproveitada para incutir a prática da tauromaquia, em crianças, pré adolescentes e adolescentes.

É pública, no vídeo registado no momento da conferência, a forma como o tema é abordado, incutindo aquela como uma verdade inquestionável, por parte da Dra. Fátima Ferreira, docente do 1º ciclo e ganadera.

Como tal, ressalva-se a indignação pelo lugar e o momento escolhidos para esta acção que, vinda de uma docente, proprietária de uma ganaderia, parece legítimo considerar eivada de intuitos comerciais - a saber uma Escola Pública, onde terá sido forçosamente autorizada pelos respectivos órgãos de gestão, e no âmbito de uma Semana da Ciência, no qual não se compreende a pertinência deste tema integrar um programa no qual o objectivo é despertar e sensibilizar para a ciência.

Desta forma, e tendo em conta toda a contestação aos niveis regional, nacional e internacional de que tem sido alvo a prática da tauromaquia por questões de natureza ética; face aos estudos cientificos que comprovam a senciencia animal; face às recomendações feitas a Portugal pela ONU, através do seu Comité dos Direitos da Criança, no sentido de tomar medidas para proteger os jovens portugueses da violência ligada à actividade tauromáquica, violência da qual não está isenta a tourada à corda; considera-se que o tema supra referido é despropositado, desquenquadrado, abusivo, deseducativo e consequentemente, em todos os sentidos, anti pedagógico.

Vimos pois pedir a Vª Exas, perante o exposto, que sejam tomadas medidas para que esta situação não se repita em nenhuma instituição de ensino, na região.

Com os melhores cumprimentos,





Os touros são agressivos e violentos?




quarta-feira, 23 de março de 2016

Entre em ação: proteste contra a garraiada na Semana Académica




Solicita-se a colaboração de tod@s para o ENVIO e PARTILHA do seguinte texto:

Para: reitoria.gabinete@uac.pt, geral@aecah.com, sasua@uac.pt
Cc: acores@lusa.pt



Magnífico Reitor

Caros/as estudantes

Nos últimos anos têm sido recorrente as manifestações da sociedade repudiando qualquer ato de agressividade e violência infligido a animais, como forma de diversão.

A estas manifestações, aconteçam presencial ou virtualmente, têm-se associado, também, as camadas mais jovens da população, que em movimentos estudantis de diferentes graus de ensino, repudiam aquilo que consideram ser uma prática desajustada aos valores que se pretendem desenvolver e implementar, nos quais se incluem o respeito e bem-estar animal, no que não se inclui a garraiada.

Realça-se a grande inovação e passo civilizacional dado por diversas associações de estudantes que eliminaram dos seus programas da "Queima de Fitas" a prática da garraiada, por diversas universidades em Portugal.

Desta forma, a única tradição de que qualquer instituição de ensino, neste caso concreto a Universidade, deve orgulhar-se e pela qual deve lutar acerrimamente, é a do seu papel como baluarte do conhecimento e da ética.

É por isso que deve questionar regularmente as suas práticas e os seus valores para que estes sejam sempre consentâneos com o papel de charneira que a sociedade lhe imputa.

Pelo seu percurso histórico, a Universidade dos Açores, tem neste campo uma responsabilidade acrescida e não pode, assim, continuar a permitir-se promover atividades que violam o princípio básico de não provocar sofrimento desnecessário.

Devemos contribuir para a difusão de valores como a ética, a solidariedade, a excelência académica, não precisamos nem devemos vitimizar animais em garraiadas e atividades similares para celebrarmos os nossos sucessos.

Por estes motivos manifesto o meu total repúdio, lamentando a continuidade de uma prática tão polémica, nos programas do evento supra referido, relativamente ao campus de Angra do Heroísmo no dia 9 de abril, apelando para que seja definitivamente banida.

Com os melhores cumprimentos e elevada consideração,



terça-feira, 15 de março de 2016

Comunicado MCATA: Mais dinheiro público para financiar um fórum taurino nos Açores



Mais dinheiro público para financiar um fórum taurino nos Açores

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) vem uma vez mais alertar a sociedade açoriana acerca dos milhares de euros provenientes de dinheiros públicos que serão gastos para financiar um novo “Fórum taurino” na ilha Terceira.

Na edição anterior, realizada em 2014, os açorianos tiveram de pagar a avultada quantia de 90.000 euros para a realização desta reunião de adeptos da prática tauromáquica, correspondendo 60.000 euros a um subsídio atribuído directamente pelo Governo Regional (regista-se que já no ano de 2012 foram atribuídos 75.000 euros).

Ainda não é publicamente conhecido o valor total do subsídio que será concedido para a edição deste ano do “Fórum mundial da cultura taurina”, mas já foi tornado público o valor disponibilizado pela Secretaria Regional da Educação e Cultura. De forma surpreendente, a referida Secretaria (Despacho 273/2016) decidiu atribuir aos organizadores do evento a quantia de 1.200 euros apenas para fazer “medalhas comemorativas” e “presentes de boas-vindas”.

O MCATA considera que se já é absurdo o facto de todos os açorianos terem de pagar do seu bolso milhares de euros para a realização desta reunião de amigos da tauromaquia, ainda mais absurdo é terem de pagar por algo tão pomposo e ridículo como são umas “medalhas comemorativas” do evento.

Num momento de grave situação económica, onde proliferam casos de crescente pobreza, nomeadamente na ilha Terceira, o Governo Regional vai novamente esbanjar dinheiro público para financiar uma reunião sobre uma prática, a tauromaquia, que é rejeitada pela maioria da sociedade açoriana, aquela que precisamente é chamada agora para financiar com toda a pompa e circunstância o objecto do seu repúdio.

Ainda mais questionável é o financiamento público deste evento quando na edição de 2012 o subsídio atribuído foi utilizado pelos organizadores, a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, para cometer uma ilegalidade, organizando um espectáculo tauromáquico com sorte de varas, prática proibida em Portugal e expressamente rejeitada pela Assembleia Regional dos Açores. Este acto ilegal, que ficou impune apesar dos vários protestos realizados, mesmo dentro da própria Assembleia Regional, não mereceu até agora nenhum tipo de desculpa por parte dos organizadores nem nenhuma explicação por parte do Governo Regional dos Açores.


Por estas razões, o MCATA considera que a realização deste evento vergonhoso para os Açores, que tanto dano pode fazer ao desenvolvimento turístico da região, deve ser cancelado e o dinheiro público inicialmente destinado ao seu financiamento ser usado em políticas que beneficiem realmente e de forma urgente a sociedade, a economia e a cultura açorianas.


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
15/03/2016





Tourada... dos estudantes?



A tourada dos estudantes já não é o que era

Por muito que alguns conservadores do que não interessa conservar queriam, as touradas já não são o que eram, estando cada vez mais próximo o seu fim. A sua sobrevivência nos dias de hoje só acontece devido ao forte investimento que desde sempre existiu na habituação dos mais novos e aos apoios públicos que tem recebido dos governos, autarcas e da hipócrita Comunidade Europeia.

Este ano, para desgosto de alguns, a tourada dos estudantes, realizada anualmente em Angra do Heroísmo, não existiu ou foi uma pequeníssima mostra do que foi no seu auge.

Os grandes defensores da aberração em defesa da sua dama alegam a sua antiguidade, a sua sobrevivência ao Estado Novo e a sua necessidade como escola de captação de aficionados/ toureiros.

Começando pelo fim, o saudável desinteresse manifestado pela maioria dos estudantes é sinal de que os tempos são outros e que a tortura de animais para divertimento já teve melhores dias. Além disso, demonstra que o investimento feito anualmente em eventos tauromáquicos para crianças deixou de surtir os efeitos que eles pretendiam, isto é tornar cada criança um adepto da tortura animal.

O argumento de que a tourada dos estudantes se sobreviveu ao Estado Novo também terá de continuar em regime de democracia representativa não faz qualquer sentido.

Não faz sentido, em primeiro lugar porque torturar animais é uma barbaridade que com o aumento do conhecimento que se tem sobre os animais já devia ter sido banida há muito tempo e em segundo lugar porque na tourada dos estudantes nunca ninguém levantou a sua voz contra os ditadores que governaram Portugal durante 48 anos.

A este propósito convém recordar que foi durante o Estado Novo, que a tourada dos estudantes atingiu o ponto máximo da tortura animal, tendo nos primeiros anos revestido a capa da solidariedade social, a favor da Caixa Escolar do Liceu de Angra, em 1933 e 1936 ou do Dispensário Antituberculoso, em 1935.

Ainda sobre a balela da tourada poder eventualmente incomodar o Estado Novo, pouco há a dizer já que não seriam os filhos dos “fidalgos pobres” e afins, serventuários do regime, que iriam contestar alguma coisa. Além disso, o Estado Novo servia-se da tauromaquia para divertimento dos seus seguidores e do povo em geral e para colmatar as suas falhas em termos de apoio social. A título de exemplo, cita-se a realização de uma tourada, em 1946, com a presença do Ministro da Guerra Fernando Santos Costa e das autoridades civis e militares da ilha, a realização de touradas a favor da Legião Portuguesa (em 1939), da Mocidade Portuguesa (em 1941) e a favor ou promovida pelo Movimento Nacional Feminino (em 1971, 1972 e 1973).

Sobre a tourada dos estudantes propriamente dita, começou por ser semelhante a todas as outras, com os animais a serem torturados sem apelo nem agravo, passando mais tarde a ser mais “brincadeira de rapazes e de algumas raparigas”, onde já não eram cravados ferros, como acontecia nos primeiros anos da década de 80 do século passado, onde o cortejo constituía o principal da festa.

Hoje, quando em todo o mundo se caminha para a abolição de uma prática retrógrada e bárbara, não faz qualquer sentido o regresso aos primeiros anos, de tortura extrema, nem mesmo aos tempos em que a tortura física foi mais atenuada.

Para quem viveu assistiu ou mesmo participou numa tourada dos estudantes, mas que fruto das leituras e da reflexão pessoal chegou à conclusão de que o uso de animais para divertimento não faz qualquer sentido, apenas fica alguma mágoa pela não realização do desfile, pelas ruas de Angra do Heroísmo.

Os jovens de hoje e os do futuro, estamos certos, encontrarão outras formas e meios de exteriorizar o seu humor e a sua irreverência.

Parabéns à juventude terceirense que já não participa em touradas.

J.A.